EL CAMPO VENEZOLANO



"SI EL CAMPO CRECE, TODO EL PAIS CRECE, SI AL CAMPO LE VA BIEN, A TODA VENEZUELA LE VA BIEN"

9 dic 2013

PREÇOS DE EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO CAEM, MAS VOLUME COMPENSA E FATURAMENTO SEGUE EM ALTA EM 2013



Geraldo Sant´Ana de Camargo Barros, PhD
Professor Titular e Coordenador Cepea/Esalq-USP

Andréia Cristina de Oliveira Adami, Dra.
Pesquisadora do Cepea/Esalq-USP

Nicole Ferro Zandoná
Graduanda do Curso de Ciências Econômicas na Esalq/USP
                
                 Em setembro de 2013, o faturamento com as exportações do agronegócio brasileiro alcançou US$ 9,1 bilhões, superando em 3,5% o de setembro de 2012, conforme indicam pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. No agregado de janeiro a setembro de 2013, o faturamento atingiu os US$ 79 bilhões, 9,5% acima do resultado obtido no mesmo período de 2012. E no acumulado dos últimos 12 meses, houve expansão de 7,7% do faturamento do agronegócio brasileiro, totalizando o valor recorde de US$ 104 bilhões.

                 Segundo pesquisas do Cepea, esse resultado foi possível principalmente pelo crescimento do volume embarcado de milho, soja em grão, açúcar, etanol, carne bovina, café, suco de laranja e madeira. Em termos de preços em dólares, no entanto, apenas o farelo de soja, o grão de soja, as carnes de aves e suína e a celulose tiveram alta. Dessa forma, o destaque do bom desempenho das exportações brasileiras do agronegócio em 2013 tem sido o crescimento do volume, uma vez que os preços dos principais produtos exportados, como açúcar, etanol, café, suco de laranja e a carne bovina caíram no período.

                 De janeiro de 2000 a setembro de 2013, o agronegócio brasileiro expandiu suas exportações em 240% mesmo com a forte valorização do Real no período (de 53%), conforme pesquisas do Cepea. Nesse período, os preços em dólares dos produtos do agronegócio no mercado internacional cresceram 110%. Essa valorização, porém, não foi suficiente para a manutenção da atratividade das vendas externas, que apresentou leve decréscimo no período, de aproximadamente 2% na comparação das médias dos primeiros nove meses de 2013 com a de 2000. A Figura 1 ilustra a evolução dos preços em dólares (IPE), da taxa real de câmbio (IC) e do índice de atratividade das exportações brasileiras (IAT).














Figura 1 - Índice de Preços de Exportação do Agronegócio (IPE-Agro/Cepea), em dólar, Índice de Volume de Exportação do Agronegócio (IVE-Agro/Cepea), Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea) e o Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea). Dados anualizados. Para 2013, considera-se a média de janeiro a setembro.
Fonte: Cepea/Esalq-USP
                
Desempenho do agronegócio brasileiro entre 2012 e 2013

                 Entre janeiro de 2012 e setembro de 2013, as vendas externas do agronegócio brasileiro – apesar de terem oscilado mensalmente, conforme padrão sazonal característico do setor – tiveram forte aumento. Comparando-se o desempenho do volume exportado (IVE-Agro/Cepea) em setembro de 2013 com o de setembro de 2012, houve crescimento de 19%. Na comparação dos três primeiros trimestres de cada ano (jan-set/13 frente a jan-set/12), o avanço foi de 20% (Figura 2).

                 Os preços em dólares dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro (IPE-Agro/Cepea) iniciaram trajetória de queda a partir de maio de 2012, quando haviam atingido o maior patamar da série. A queda prosseguiu até janeiro de 2013 e, a partir de então, os preços passaram a se recuperar e retomaram crescimento até junho de 2013, quando voltaram a cair, movimento que perdurou até setembro. Figura 2. Especificamente, na comparação dos valores de setembro de cada ano, observa-se queda de 13% e, no comparativo dos três trimestres (jan-set/13 frente a jan-set/12), o recuo médio é de 6%.

                 Quanto ao Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea), há um movimento de valorização entre janeiro e julho de 2013 e de forte desvalorização de julho até setembro de 2013, quando o câmbio atingiu a cotação de 2,40 (R$/US$). Em setembro de 2013 comparativamente a setembro de 2012, por exemplo, houve desvalorização de quase 10% do Real frente às moedas dos principais parceiros comerciais do agronegócio brasileiro. De julho a setembro de 2013, a desvalorização superou os 20%.

                 Devido a esse comportamento do câmbio e dos preços em dólares, os preços em reais (IAT-Agro/Cepea), que seguem tendência combinada de ambos, caíram 5% em setembro de 2013 frente a setembro de 2012 e, na comparação dos três trimestres, a perda de atratividade foi superior a 7% – Figura 2. 
                






















Figura 2 - Índice de Preços de Exportação do Agronegócio em dólar (IPE-Agro/Cepea), Índice de Volume de Exportação do Agronegócio (IVE-Agro/Cepea), Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea) e Índice da Taxa de Câmbio Efetiva Real do Agronegócio (IC-Agro/Cepea). Dados mensais de janeiro de 2012 a setembro de 2013 (Base jan/12).
Fonte: Cepea/Esalq-USP

 No agregado de outubro de 2012 a setembro de 2013, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) aumentou mais de 20% comparativamente ao dos 12 meses anteriores. Os preços em dólares recebidos pelos exportadores do agronegócio, por outro lado, retraíram-se em mais de 7% (IPE-Agro/Cepea). Já a taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea) valorizou 0,5%. A atratividade das exportações do agronegócio brasileiro caiu quase 8% nesse período (Figura 3). O faturamento em dólar do setor, por sua vez, bateu novo recorde nesse período, superando os US$ 104 bilhões e foi puxado pelo forte crescimento do volume, que mais que compensou a queda de preços.














Figura 3 – Variação percentual do: Índice de Preços de Exportação do Agronegócio em dólar (IPE-Agro/Cepea); Índice de Volume de Exportação do Agronegócio (IVE-Agro/Cepea); Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-Agro/Cepea) e Índice de Câmbio do Agronegócio (IC-Agro/Cepea). Comparação entre as médias de outubro de 2012 a setembro de 2013 e outubro de 2011 a setembro de 2012.
Fonte: Cepea/Esalq-USP
                
Exportações dos principais grupos de produtos

            Nos primeiros nove meses de 2013, quando comparados ao mesmo período de 2012, o milho foi o produto que apresentou maior crescimento nas vendas externas: 66%. Outros setores que também apresentaram expansão das vendas externas foram: o sucroalcooleiro, com aumento de 32% nos embarques do açúcar e de 26% nos de etanol; a soja em grão (28,43%), carne bovina (21%), café (16%), suco de laranja (11%), produtos de madeira (10%) e outras frutas (1,73%). Os destaques negativos em termos de volume foram: o óleo de soja (-34%), farelo de soja (-9,5%), as carnes de suínos (-9%), celulose (-1,5%) e carnes de aves (-1,9%) – Figura 4.  









Figura 4 – Variação do Volume das Exportações para Produtos Específicos (IVE-Agro/Cepea) – variações percentuais referentes aos nove primeiros meses de 2013 comparados ao mesmo período de 2012.
Fonte: Cepea/Esalq-USP


Vale destacar que, nos primeiros nove meses de 2013, o farelo e o óleo de soja apresentaram redução nas vendas externas, mas as do grão cresceram quase 29%.  O aumento nas exportações do grão, por sua vez, esteve atrelado à maior demanda da China, país que se consolidou como o principal importador do agronegócio brasileiro em 2013. Os chineses deram preferência à importação de produto menos elaborado, importando do Brasil, nos primeiros nove meses de 2013, 35% mais soja em grão do que em todo o ano de 2012. Além disso, a maior oferta brasileira de grãos também favoreceu o incremento das exportações, tanto de soja quanto de milho.

Outro setor que apresentou crescimento na oferta em 2013 foi o sucroalcooleiro. A boa safra tem suportado os aumentos dos embarques tanto de açúcar quanto de etanol, além de contribuir para que os estoques mundiais se mantenham elevados. A maior oferta global, por sua vez, tem influenciado as reduções dos preços pagos pelos importadores – nos nove primeiros meses de 2013 comparados ao mesmo período de 2012, houve queda de mais de 11% nos preços externos do etanol e de mais de 18% nos do açúcar brasileiro.  

            Em termos de preços recebidos pelos exportadores brasileiros, ainda, os produtos do complexo da soja apresentaram bom desempenho, com aumento de quase 15% no caso do farelo e de 1,3% no do grão, com exceção do óleo, que se desvalorizou quase 12%. As carnes de aves e de suínos também tiverem seus preços apreciados no mercado internacional, com altas de 9% e de 2,5%, respectivamente. Já café, suco de laranja e frutas registraram expressiva redução de preço: 26%, 14%, e 8% respectivamente – Figura 5. Em geral, os produtos que apresentaram redução significativa nos preços tiveram, em compensação, forte aumento no volume embarcado, como café, açúcar, álcool e suco de laranja.














Figura 5 – Variação do Preço das Exportações para Produtos Específicos (IPE-Agro/Cepea) – variações percentuais referentes aos nove primeiros meses de 2013 comparados ao mesmo período de 2012.
Fonte: Cepea/Esalq-USP

Além da contribuição do aumento dos preços dos principais produtos exportados pelo agronegócio nacional, a desvalorização do Real em torno de 2% nos primeiros nove meses de 2013 também ajudou na alta dos preços internalizados em reais (IAT-Agro/Cepea) do farelo de soja, da soja em grão, da carne de aves, carne de suínos e da celulose em 2013 (Figura 6). No entanto, o principal responsável pelo resultado positivo na atratividade desses produtos foi o aumento dos preços.











Figura 6 – Índices de Atratividade da Exportação para Produtos Específicos (IAT-Agro/Cepea) – variações percentuais referentes a comparações entre os nove primeiros meses de 2013 e o mesmo período de 2012.
Fonte: Cepea/Esalq-USP
                
Comportamento dos preços no mercado doméstico
                
                 No mercado doméstico, o açúcar e o café também têm apresentado constantes reduções de preços de janeiro de 2012 a setembro de 2013. Nos últimos meses (de agosto e setembro), especificamente, enquanto o açúcar registrou certa estabilidade, o café continuou acumulando perdas. O Brasil é um importante produtor mundial das duas commodities e a produção obtida em 2013 foi superior à oferta esperada para o ano. Quanto ao comportamento esperado para os preços de exportação para os próximos meses, esse deve ser similar ao observado no mercado doméstico atualmente, já que os contratos de exportação são firmados com meses de antecedência aos embarques.

                 Já os mercados de carne bovina e soja têm reagido nos últimos meses e apresentaram aumentos de preços. Esse comportamento deve se refletir nos preços de exportação do último trimestre de 2013. Portanto, o cenário para o próximo trimestre, em termos de preços, não deve apresentar mudanças significativas para essas commodities.














Figura 7 – Índices de preços mercado doméstico – açúcar, boi gordo, café e soja.
Fonte: Cepea/Esalq-USP

Conclusões

Desde o ano 2000, o agronegócio brasileiro vem ganhando participação no mercado internacional de alimentos, graças ao crescimento contínuo do volume exportado. No acumulado dos últimos 12 meses, o setor agroexportador alcançou faturamento recorde de US$ 104 bilhões. Os preços externos também apresentaram crescimento desde o início da série (ano 2000), com leve reversão nesse movimento nos momentos de crise (2008 e 2011) e no terceiro trimestre de 2013. Nos primeiros nove meses de 2013, esses preços apresentaram queda de 4% frente à média do ano de 2012. Paralelamente, o Real se desvalorizou, mas não o suficiente para compensar toda a queda dos preços em dólares, o que impactou a atratividade das exportações do agronegócio brasileiro em 2013, que caiu 2% em relação à de 2012. Já em relação ao volume, houve forte crescimento nos nove primeiros meses de 2013, de aproximadamente 20%.

           Na comparação dos primeiros nove meses de 2013 com o mesmo período de 2012, registraram-se aumento de 20% no volume exportado, redução de 7% nos preços em dólares, valorização de 0,5% na taxa de câmbio efetiva real do agronegócio e queda de 8% na atratividade (IAT-Agro/Cepea) das exportações nacionais. Como resultado, o valor exportado, em dólar, cresceu 3,5% nesse período.
Destacaram-se pelo crescimento de volume embarcado o milho, açúcar, etanol, carne bovina, suco de laranja, café, soja em grão e madeira. Em termos de preços, apresentaram aumentos os produtos do complexo da soja (farelo de soja e o grão), as carnes de aves e de suínos e a celulose. Com a leve desvalorização da moeda nacional observada nesse período, o cenário ficou positivo em termos de atratividade apenas aos produtos do complexo da soja (farelo de soja e o grão), às carnes de aves e suínos, à celulose e à madeira. Os demais produtos, como açúcar, álcool, frutas, suco de laranja e café apresentaram redução em atratividade e aumento no volume exportado nos primeiros nove meses de 2013. Dessa forma, o destaque do bom desempenho das exportações brasileiras do agronegócio em 2013 tem sido o crescimento do volume, já que os preços de produtos importantes, como açúcar, café e suco de laranja, apresentaram queda no período.

           Espera-se que o setor mantenha o recorde de faturamento em 2013, que atingiu o valor de R$ 104 bilhões, de outubro de 2012 a setembro de 2013. Quanto aos preços de exportação, não há expectativas de quedas ou de aumentos expressivos, uma vez que a safra nos principais países produtores já está definida em 2013. A demanda por alimentos deve continuar firme, puxada principalmente pela China e a Índia. Já do lado da oferta, os estoques mundiais de importantes commodities, como soja, açúcar e café, devem se manter em níveis confortáveis, devido à boa safra nos países produtores na temporada 2013/2014. Novas expectativas devem ser guiadas por conta dos prováveis resultados da safra 2013/2014, cujo plantio já teve início na América do Sul.
                                                                                        
Outras informações sobre os índices de exportação do agronegócio calculados pelo Cepea podem ser obtidas com os autores deste relatório: prof. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros e Andréia Adami por meio do Laboratório de Informação do Centro:
19-3429-8837  ou cepea@usp.br



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