EL CAMPO VENEZOLANO



"SI EL CAMPO CRECE, TODO EL PAIS CRECE, SI AL CAMPO LE VA BIEN, A TODA VENEZUELA LE VA BIEN"

22 nov 2013


Somos eficientes, produzimos sem subsídio, temos 

um rebanho enorme e um parque industrial vasto e

 moderno. Assusta, né? – Fabiano Tito Rosa 

(Minerva)


O BeefPoint realizará nos dias 10 e 11 de dezembro, o BeefSummit Brasil, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto – SP,  e trará o melhor da pecuária brasileira em um só evento. O BeefSummit Brasil terá 14 palestras, sendo 3 internacionais, e também cursos num segundo auditório.
No primeiro dia, 10 de dezembro, será entregue o Prêmio BeefPoint Brasil, um prêmio criado pelo BeefPoint para homenagear quem faz a diferença na pecuária de corte brasileira. E também teremos o lançamento do Movimento AgroTalento, com a entrega do prêmio AgroTalento, na véspera do BeefSummit.
Para conhecer melhor os palestrantes e os temas de suas palestras, o BeefPoint preparou uma série de entrevistas com os palestrantes do BeefSummit Brasil.
Confira abaixo a entrevista com Fabiano Tito Rosa, gerente executivo de Business Intelligence da Minerva Foods.
Fabiano Tito Rosa
Fabiano Tito Rosa é casado, pai de um menino e profissional da pecuária há 14 anos.
É zootecnista pela Unesp de Jaboticabal, mestre em engenharia de produção, com especialização em gestão de sistemas agroindustriais, pela UFSCAR.
Foi consultor e diretor da Scot Consultoria. Atualmente, é gerente executivo de Business Intelligence da Minerva Foods, coordenando os trabalhos de market research/pesquisa de mercado (com foco em gestão de risco), pricing e relacionamento com fornecedores.
BeefPoint: Qual o tema de sua palestra no BeefSummit Brasil? Quais os principais pontos da sua palestra?
Fabiano Tito Rosa: Levarei para o evento a visão do Minerva para o mercado do boi gordo e carne bovina em 2014.
Em síntese, acreditamos em um ano razoável em termos de oferta/supply, em relação à média dos últimos três, com as atenções voltadas ao nível de abates. No caso da carne, teremos alguns desafios no mercado doméstico, relativizados pela copa e as eleições, que tendem a ajudar o consumo, mas estamos muito otimistas com o mercado externo, mediante retomada do crescimento econômico, dificuldades enfrentadas por importantes concorrentes (como EUA e Austrália) e também desvalorização do real.
BeefPoint: Qual o maior desafio da pecuária de corte no Brasil hoje?
Fabiano Tito Rosa: Destaco alguns que impactam o agronegócio brasileiro como um todo: os problemas de infra-estrutura e logística, insegurança jurídica, violência no campo etc.
No caso específico da bovinocultura de corte, do nosso negócio, acredito que há ainda muita falta de entendimento e excesso de desconfiança entre produtor e indústria. Falta um canal ou fórum que promova a aproximação desses dois elos, a troca de ideias, a orientação e a busca de soluções para problemas comuns, de forma prática e eficiente.
Falta algo que priorize as ações, ao invés dos discursos. No Minerva, criamos um programa com esse objetivo, chamado “Falando de Pecuária”, mas é uma ação que precisa ser ampliada.
BeefPoint: Como podemos agregar valor à carne brasileira de forma diferente e especial em outros países?
Fabiano Tito Rosa: Antes de “agregar valor de forma diferente”, a gente precisa fazer o básico. Boa parte dos mercados, como Irã, Chile e UE, exigem que os animais sejam abatidos com no máximo 36 meses e a média brasileira ainda está acima disso.  O pH tem que ser, no máximo, 5,99, sendo 5,80 para o Chile, o que exige adequações de manejo, principalmente num cenário em que a maior parte dos animais enviados para o abate são inteiros (pré-dispostos a um pH mais alto). Boi tem que ter cobertura mediana, ao redor de 3-4 mm de gordura, o mínimo para garantir eficiência na cadeia do frigorífico e atendimento da exigência da maior parte dos mercados.
Porém, no Brasil, a maior parte dos animais chega aos frigoríficos com cobertura escassa ou ausente (e aí também temos a influência do boi inteiro). É bem verdade que alguns mercados, como o Chile, não querem gordura, portanto, cobertura escassa lhes cai bem; mas eu consigo tirar gordura dentro da fábrica, colocar é que não dá. Se o animal já chega sem gordura, as opções de venda ficam limitadas.
Os animais têm que ser sadios, obviamente. Sanidade ainda é a maior barreira de acesso à mercados. O exemplo clássico é o da aftosa, mas tuberculose, por exemplo, é barreira à Rússia, nosso maior mercado em termos de exportação (e hoje temos várias fazendas, em função de casos de tuberculose, fechadas para a Rússia). Mas, ao mesmo tempo em que é preciso vacinar e vermifugar, é necessário também respeitar os períodos de carência dos produtos veterinários, além de não usar substâncias proibidas. Resíduos na carne também geram embargos e a indústria frigorífica do Brasil lida todo dia com problemas desse tipo, gerando gastos extremamente altos com auditorias, análises de produtos, retorno de cargas, etc.
O boi e a carne são commodities, mas isso não quer dizer que valem qualquer coisa. Toda commodity tem um padrão, que é preconizado pelo mercado. O  padrão do boi seria algo mais ou menos assim: máximo de 36 meses, cobertura mediana, sadio (vacinado e vermifugado), sem resíduos, com pH abaixo de 5,99.
Considerando todos esses quesitos, nossa média ainda não é essa. Portanto, como coloquei no início, antes de pensar em algo “diferente”, temos que fazer o básico bem feito.
BeefPoint: Em sua opinião, o que deve ser feito para aumentar o envolvimento dos jovens na agropecuária?
Fabiano Tito Rosa: O Brasil é um país agropecuário, tem cultura agropecuária. As faculdades de ciências agrárias, pelo país afora, estão lotadas. Acho que o que precisamos é nos envolver mais com o que é ensinado e/ou transmitido para os jovens, ter mais influência na mensagem.
Nas universidades, por exemplo, tenho visto um bom conteúdo técnico-científico, mas pouco prático. Esses jovens profissionais chegam ao mercado e se deparam não só com desafios técnicos, para os quais eles até que estão bem preparados, mas com desafios comerciais, administrativos, legais, “institucionais” etc.
Discussões e informações nessas áreas é que precisam ser levadas a eles, ajudando a formar massa crítica, a formar solucionadores de problemas, de visão sistêmica e aí é preciso que o setor privado, que a cadeia, se aproxime e interaja mais com as universidades.
BeefPoint: Atualmente, quais os maiores desafios com gestão de pessoas na pecuária?
Fabiano Tito Rosa: Na indústria, com acelerado processo de profissionalização de um lado, desemprego baixo e geração Y de outro, o maior desafio hoje é de atração e retenção de talentos. E é um desafio grande.
BeefPoint: Qual inovação na pecuária de corte você mais gostou nos últimos anos?
Fabiano Tito Rosa: Foram várias inovações importantes, considerando genética, reprodução, nutrição, sanidade e pastagens. Para citar uma, fico com a IATF, que finalmente tirou a nossa taxa de inseminação de 5% do rebanho, agora em 10%, e que ainda vai trazer muitos ganhos para a atividade de cria, em termos de aumento de produtividade, melhoria genética etc.
Lembrando, é na cria onde tudo começa, sendo justamente a atividade que mais sofre os impactos do avanço da agricultura e das pressões sócio-ambientais em termos de perda de área e dificuldade de expansão.
BeefPoint: O que precisa ser inovado na pecuária de corte atual?
Fabiano Tito Rosa: Acho que a necessidade agora não é tanto de inovação e sim de usar de forma eficiente as tecnologias que aí já estão. Nesse caso, o ponto principal é gestão.
Não existe uso eficiente de tecnologia sem gestão, pois é preciso saber o que, onde, quando e como usar; mensurar resultados e, se necessário, realizar adequações, com foco na melhor relação benefício x custo. Isso é gestão.
BeefPoint: Em sua opinião, qual país tem se destacado na pecuária, por quê? O que o Brasil precisa aprender com esses países?
Fabiano Tito Rosa: O Brasil se destaca. Temos problemas, vários deles foram abordados nesta entrevista, mas basta avaliar as estatísticas, em termos de rebanho, produção, exportação etc. Para constatar, a pecuária brasileira tem performado muito bem, em termos comparativos. É líder sob vários aspectos.
Fora o Brasil, destaco o Paraguai, com um futuro bastante promissor, pois além das condições naturais favoráveis (como as do Brasil), os custos lá são baixos, com especial destaque àqueles relativos a mão de obra e energia, com legislação e carga tributária, ao contrário do que se tem por aqui, bastante amigáveis.
Mas, bons exemplos em outros países têm de monte. O sistema de pesagem no Uruguai, por exemplo, com várias balanças e controle oficial, traz transparência e informações importantes para a gestão do negócio, tanto para pecuaristas quanto para as indústrias.
O trabalho de coordenação, orientação e marketing institucional do MLA, na Austrália, também é extremamente interessante, gerando resultados significativos, e poderia de alguma forma ser adaptado ao Brasil.
BeefPoint: Qual a principal característica do Brasil na pecuária de corte? O que temos de melhor para ensinar aos demais países que trabalham em nosso setor?
Fabiano Tito Rosa: Somos flexíveis, bons em encontrar soluções, nos adaptando de forma relativamente rápida e fácil à mudanças, à novas exigências de mercado, à problemas variados (como embargos) etc.
Somos eficientes, produzindo a baixo custo, sem subsídio, com pouco apoio do estado. Tudo isso, para azar dos concorrentes, com um rebanho enorme, um parque industrial vasto e moderno, e muita vontade de produzir. Assusta, né?
BeefPoint: Qual o exemplo de pecuarista do futuro no Brasil hoje? Quem você mais admira?
Fabiano Tito Rosa: Tem muita gente boa. O Rogério Goulart é um ótimo exemplo, alinhando eficiência técnica, administrativa e comercial.
Gostei demais também da entrevista que o André Bartocci deu ao BeefPoint, da forma como ele pensa e analisa o seu negócio. Para quem não leu, recomendo.
BeefPoint: O que você fez em 2013 que te trouxe mais resultados?
Fabiano Tito Rosa: Fizemos muita coisa. Destaco a intensificação dos trabalhos com a nossa equipe de campo, a ampliação das ações de relacionamento com fornecedores e agora no final do ano, o início dos trabalhos de pricing, que devem ter uma contribuição significa para os resultados da empresa.
BeefPoint: O que você pretende fazer em 2014? Quais são seus planos?
Fabiano Tito Rosa: Pessoalmente, pretendo fazer mais um filho e uma casa em Barretos.
Profissionalmente, o foco principal estará no avanço dos trabalhos de pricing, extraindo o máximo de resultado.
BeefPoint: Que mensagem você deixaria para os pecuaristas?
Fabiano Tito Rosa: Se preparem para anos bons, com retomada de investimentos.
E vamos conversar mais, interagir mais, trocar mais ideias. Produtor e indústria só têm a ganhar com essa aproximação.
BeefPoint: O que você mais gostaria de aprender no BeefSummit Brasil?
Fabiano Tito Rosa: Num evento como esse, tem muita coisa para a gente aprender. Quero ver o que o “pessoal de fora” tem para mostrar, como os produtores estão se preparando para o ciclo positivo de preços que está se desenhando e principalmente, encontrar a turma do mercado para trocarmos ideias, ver o que estão enxergando de diferente da gente, e também em quais pontos estamos alinhados, para reforçar ou “recalibrar” nosso view.

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